A Indústria Farmacêutica parece andar na contramão da maioria dos outros setores da economia no país. Isso porque, mesmo com o cenário econômico desaquecido dos últimos anos, a projeção é que os varejistas farmacêuticos alcancem um crescimento de 5% a 8% até 2020, segunda pesquisa da IQVIA.
Com isso, o Brasil deve se tornar o 5º maior mercado mundial, ultrapassando a França, dona da posição atualmente. Nada mal para quem estava na 7ª posição em 2015 e passou a ser 6º colocada em 2017, atrás apenas de EUA, China, Japão, Alemanha e França.
Hoje, os recursos baseados em localização e o uso em larga escala de smartphones e outros dispositivos 3G e 4G ajudaram as empresas da Indústria Farmacêutica a encontrar novas maneiras de envolver os pacientes e fornecer serviços úteis que podem melhorar suas qualidades de vida. Por exemplo, os fabricantes de Clarityn criaram um aplicativo que fornece aos usuários informações detalhadas sobre a contagem local de pólen e onde encontrar medicamentos próximos para ajudar a aliviar os sintomas sazonais da alergia.
Além dos aplicativos, a tecnologia pode ser usada para coletar dados do paciente em tempo real. Imagine, por exemplo, um monitor cardíaco que possa detectar batimentos irregulares e enviar essas informações para um dispositivo inteligente. Esses dispositivos poderiam então “falar” e fazer automaticamente uma chamada de emergência para um profissional de saúde especificado.
Essa nova geração de sensores abre um mundo inteiro de possibilidades para a Indústria Farmacêutica – para coletar informações direcionadas para pesquisa, eficácia e conformidade.
Na área de saúde, estamos vendo dados de registros médicos eletrônicos (EMR) reunidos com dados genômicos e genéticos; dados financeiros; e dados relatados pelo paciente para fornecer informações sobre quais terapias fornecem o maior valor geral e com o menor custo.
As organizações de atendimento responsáveis incentivam melhores resultados para os pacientes, reembolsando os profissionais de saúde com base em resultados e medidas de qualidade. Usando dados de EMR e informações de prescrição eletrônica, médicos e empresas de seguros podem acompanhar melhor os resultados dos pacientes a longo prazo, um elemento crítico para os provedores demonstrarem seu desempenho e, portanto, serem adequadamente reembolsados.
As empresas farmacêuticas também precisarão colaborar nessa frente e usar esses dados direcionados para melhorar áreas como desenvolvimento de produtos, atender às necessidades das seguradoras e fornecer evidências convincentes dos benefícios de um medicamento.
Tradicionalmente, os dados são usados em silos, mas esses novos serviços ajudam a encontrar oportunidades para usá-los de várias maneiras diferentes, liberando muito mais potencial. Por exemplo, em P&D, o estabelecimento dessa metodologia permite o uso de dados de ensaios clínicos em simulações, o que pode gerar descobertas com menor custo e menor risco.
Os serviços de dados também permitirão que as organizações de P&D organizem dados de vários pontos de venda, incluindo organizações contratadas de pesquisa, instituição acadêmica, parceiros de laboratório e institutos de saúde pública. Isso permite novas soluções criativas e um maior entendimento sobre a eficácia e segurança de medicamentos e dispositivos.
Até o momento, o mercado de nuvem serviu principalmente como uma ferramenta para equipes de vendas e marketing na maioria das empresas farmacêuticas. Mas isso está mudando rapidamente. Hoje, esse mercado está se adaptando para atender às necessidades de todas as áreas das ciências da vida e demonstrou ser particularmente útil na superação de problemas de IP, segurança e permitiu que muitas empresas reduzissem os custos operacionais.
Mas é o acrônimo “PaaS” que pode ter a maior aplicabilidade no setor. “Plataforma como serviço” é uma solução completa e pré-integrada que facilita a implantação de aplicativos sem o custo e a complexidade de comprar e gerenciar os recursos subjacentes de hardware, software ou hospedagem. A plataforma pode ser usada para desenvolver, testar e executar aplicativos de negócios rapidamente.
Durante séculos, o progresso farmacêutico resultou de avanços na ciência. O laboratório era um espaço bastante confinado; a informação científica era relativamente protegida. Hoje, a ciência é aprimorada por novas tecnologias, como Inteligência Artificial, que nos ajuda a rastrear a descoberta e o desenvolvimento de compostos químicos com eficiência sem precedentes, acelerando a descoberta de medicamentos. Combinar IA com outras novas tecnologias, como a edição do genoma, nos ajuda a entender melhor as doenças.
No entanto, as tecnologias digitais trazem mudanças culturais. E elas ampliam o espectro de disciplinas necessárias para impulsionar o progresso científico. Químicos, biólogos e todos os outros cientistas naturais permanecerão críticos. Mas, para ter sucesso, precisamos cada vez mais de cientistas de dados e afins. Para que as empresas prosperem, será essencial derrubar barreiras entre disciplinas e acelerar a colaboração em P&D.
Ao mesmo tempo, as empresas devem prestar atenção ao fato de que pesquisadores de todo o mundo agora tem acesso a uma vasta quantidade de conhecimento de código aberto. Nesse ambiente, é crucial fazer parte dessa comunidade global de pesquisa, bem conectada com os principais cientistas e instituições em todo o mundo.
Nossa velocidade de aprendizado deve ser maior que a velocidade na qual nosso ambiente muda. A boa notícia é que a digitalização não apenas aumenta a velocidade com que nosso ambiente muda, mas também oferece inúmeras oportunidades para aumentar a própria curva de aprendizado.
As empresas farmacêuticas enfrentam problemas complexos que se tornam mais desafiadores a cada dia. A globalização está apresentando seu próprio conjunto de desafios que abrangem vários níveis da maioria das organizações farmacêuticas – do marketing à regulamentação.
Alguns dos fatores que corroboram para essa evolução da indústria farmacêutica no cenário nacional são o aumento da expectativa de vida; novas tecnologias; medicamentos genéricos; preocupação por parte dos brasileiros com seu bem-estar e saúde; e fusões e aquisições.
Inovação versus gestão da empresa no presente
O especialista em estratégia e inovação Vijay Govindarajan destaca em seu best seller “The Three Box Solution” que uma estratégia de sucesso só é sustentada se inovação (empresa do futuro) e gestão da empresa no presente andarem de mãos dadas com a coragem de abandonar os valores e práticas que amparam o negócio atualmente e que não servirão para a empresa de sucesso que precisa existir no futuro.
Os gestores das empresas, principalmente CEOs, CFOs e os responsáveis por estratégia, deverão apoiar este crescimento com uma cultura de inovação sem esquecer de investir na eficiência da gestão presente. Afinal, é a que garantirá a continuidade da geração de caixa de forma consistente para financiar o futuro.
Vale dizer que uma gestão eficiente do negócio presente é mais evidente nas empresas que mantém posição de liderança consistente. Uma vez que elas conseguem administrar o negócio fazendo a correta sintonia dos indicadores de performance que realmente agregam valor e que criam uma cultura de mudança que não tenha apego ao que já existe para sustentar o negócio hoje.
Além disso, a gestão eficiente também está diretamente associada à escolha de um modelo de administração. Ou seja, o ideal é que os processos e sistemas que permitam o crescimento consistente gerem pouco impacto na cultura de mudança e que não suguem as energias da pesquisa e desenvolvimento que criará a empresa futura.
Para mostrar como isto pode ser feito, levantamos alguns casos reais e benchmarks de indicadores de performance de empresas do setor farmacêutico para ilustrar a importância de olhar o futuro sem esquecer do presente. Confira!
O ciclo virtuoso da Transformação digital na Indústria Farmacêutica
“Considerando que o mercado farmacêutico está em contínuo crescimento, é necessário que as empresas façam investimentos pensando em manter o ciclo virtuoso no setor. Para isto, é fundamental adotar tecnologias disruptivas (inteligência artificial, Internet das coisas (IoT), Big Data) e aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Mas, ao mesmo tempo, nunca esquecer de deixar uma infraestrutura de processos e sistemas de gestão que possam garantir sem traumas o crescimento sustentável”. comenta Gabriel Robert, CEO da Silimed, empresa especialista em implantes de silicone para diferentes indicações.
Enquanto o mercado evolui por meio da indústria 4.0 com novas tecnologias denominadas “inteligentes”, pode observar uma nova revolução industrial chamada Indústria 5.0. Nela, há novamente o toque humano, em que homem e máquina se colaboram visando uma precisão de alta velocidade da automação industrial com as habilidades de pensamento cognitivas e críticas dos seres humanos. Esta simbiose tem como objetivo alcançar o individualismo do consumidor em sua procura, que tendem a ser mais personalizados e customizados a suas necessidades.