O Agile Elephant define transformação digital como “uma mudança de liderança, pensamento, incentivo à inovação e novos modelos de negócios, incorporando a digitalização de ativos e um aumento no uso de tecnologias para melhorar a experiência dos funcionários, clientes, fornecedores, parceiros e partes interessadas”.
É uma mudança de comportamento e processos que afeta todos os setores, principalmente a indústria farmacêutica. O digital está capacitando as pessoas a desempenhar um papel mais ativo em seus próprios cuidados e tornando os processos mais eficientes para os prestadores de serviços.
As grandes empresas farmacêuticas não são mais a única fonte de informações sobre como seus produtos funcionam. As recentes tendências da transformação digital fornecem a pacientes e players do setor acesso sem paralelo sobre o impacto de uma estratégia de saúde e como isso pode afetar seu bem-estar geral e a vida cotidiana.
As plataformas e comunidades online permitem que as pessoas discutam o progresso de seus tratamentos, enquanto alguns aplicativos conseguem rastrear como um paciente é afetado por uma medida terapêutica prescrita. Essas fontes fornecem aos especialistas insights acionáveis sobre a segurança e eficácia de tecnologias, um medicamento ou terapia.
De acordo com a consultoria McKinsey, em um artigo intitulado The Road to Digital Success in Pharma, o primeiro passo para se adaptar a esse influxo da digitalização é desenvolver processos para oferecer a você a capacidade de usar esses novos ativos de maneira eficaz. Ao fazer isso, as empresas farmacêuticas, antigas e novas, garantem que permaneçam a “principal fonte de autoridade no desempenho de seus produtos”.
A visualização de dados não é apenas estética, é baseada em resultados reais e em descobertas do setor. Com uma quantidade crescente de conteúdo disponível online diariamente, a maneira como as pessoas acessam e processam informações está mudando.
O compartilhamento da inteligência baseada em dados deve ser feita de uma maneira tangível e acessível a um público mais amplo, não apenas à mente científica. Por exemplo, a visualização de dados pode melhorar como as informações do paciente são comunicadas a eles ou como certos medicamentos e tratamentos estão afetando diferentes áreas do sistema fisiológico. É a democratização de tecnologias.
Embora os profissionais de saúde continuem representando a relação entre pacientes e a indústria farmacêutica, as tendências digitais estão demonstrando que uma quantidade crescente de pessoas está mais engajada com seus planos de tratamento. A McKinsey diz que, devido à grande quantidade de informações digitais acessíveis em assistência médica e farmacêutica, mais de 85% dos pacientes se sentem mais à vontade em tomar as rédeas de seus tratamentos – ainda mesmo que com o mínimo acompanhamento profissional.
Essas tecnologias permitem que os pacientes desenvolvam um melhor relacionamento com sua saúde e avaliem o custo dos produtos farmacêuticos ou serviços de saúde de que precisam. Para novas empresas farmacêuticas, as chamadas biotechs, tendências de transformação digital como essas podem ser benéficas, pois a indústria tem a oportunidade de se conectar e se envolver com potenciais clientes no ambiente digital.
Não apenas o atendimento ao paciente será aprimorado por meio de análises, inteligência artificial e outras tecnologias avançadas, mas a indústria de desenvolvimento farmacêutico também será transformada. Com informações em tempo real de ensaios clínicos, os fabricantes de medicamentos entenderão melhor como um medicamento afeta um usuário e como eles podem otimizar seus efeitos e minimizar os efeitos colaterais.
Para que as organizações sobrevivam e prosperem no setor de saúde digitalizado, as farmacêuticas devem começar a gerar ideias e implementar novas tecnologias imediatamente para desenvolver um modelo de negócio que permita transformar seus pontos fortes. No final do dia, é vital que essas empresas mantenham o objetivo final no centro de sua missão: a saúde e a segurança de seus pacientes.
Tecnologias emergentes já estão inseridas no mercado farmacêutico, levando grandes laboratórios a investir também em startups para acelerar a adoção de inovação e o desenvolvimento de novas abordagens. O segmento farmacêutico já é o 2º maior investidor em inovação no Brasil, perdendo apenas para a indústria de bens e consumo. Falemos sobre as principais delas:
Cada vez mais em alta, a nanotecnologia possibilitará atuar de forma mais específica e seletiva ao criar medicamentos inteligentes. Por exemplo, os remédios quimioterápicos, que são muito agressivos, poderão passar a agir apenas em células cancerígenas. Ou mesmo que se verifique se os medicamentos estão sendo tomados corretamente por meio da ingestão de partículas que enviam a informação aos médicos.
A nanotecnologia já permitiu o surgimento dos chamados biomarcadores que se ligam a células para detectar doenças. No Brasil, já foram desenvolvidos biomarcadores para identificar contaminação prévia do sangue por dengue, zyca e chicungunha, algo impossível hoje pelos exames tradicionais. Já há outro sendo desenvolvido capaz de diagnosticar doenças coronárias com meses de antecedência.
Muito além dos robôs industriais tradicionais, a nova geração pode realizar um número maior de atividades e adaptar-se à demanda. Podem ajustar máquinas, manipular produtos, afixar etiquetas, códigos e paletizar.
A utilização de robôs nas empresas apresenta diversos benefícios. Eles são recomendados para a realização de tarefas padronizadas e que dependem de um número limitado de variáveis, sendo apropriados para executar o atendimento de demandas massivas.
Suas aplicações são inúmeras: entrada de dados, registro de pedidos, orientação do diálogo com o cliente, carga e descarga de máquinas, packing, prensagem e estamparia, testes de vida útil do produto, encaixotamento, aplicação de adesivo, manipulação de produtos, linhas de envase, montagem, entre outras.
O resultado é a redução de falhas e do tempo de processamento destas atividades, gerando economia nos custos. Essas inovações da robótica têm rápida instalação e grande flexibilidade para trocas de função ou ajustes da quantidade de operadores, conforme a demanda. Além disso, já existem opções que apresentam baixo custo de implantação, viabilizando o investimento.
Os robôs podem ser utilizados em atividades insalubres e perigosas, o que permite que os funcionários coordenem as tarefas de um local seguro, sem correr riscos para a saúde. Além disso, ao executar as tarefas mecânicas e repetitivas, permitem que os funcionários foquem o atendimento humano em questões mais complicadas e que requerem maior discernimento, realizando atividades mais complexas do que as que, hoje, constituem a maior parte de suas demandas.
O tratamento do grande volume de dados gerados interna e externamente auxiliará a melhorar formulações e obter ensaios clínicos mais eficientes, o que reduzirá o “time to market”, além de melhorar segurança, rendimento e rentabilidade.
Big Data pode ser definido, de maneira mais simplista, como um conjunto de técnicas capazes de se analisar grandes quantidades de dados para a geração de resultados importantes que, em volumes menores, dificilmente seria possível.
Em outras palavras, podemos definir o conceito de Big Data como um conjunto de dados extremamente amplos que, por isto, necessitam de ferramentas especiais para comportar o grande volume de dados que são encontrados, extraídos, organizados, transformados em informações que possibilitam uma análise ampla e em tempo hábil.
Existem três “V”s fundamentais em Big Data:
É mais uma revolução dos devices. Os apps e wearables também irão provocar grandes mudanças na indústria farmacêutica. Esses equipamentos começam a fazer parte do acompanhamento do paciente em hospitais e em situações de home care. Mas irão além. Já temos pulseiras que controlam o nível de diabetes e eliminam a necessidade de testes de sangue invasivos. Já surgiram monitores capazes de identificar se pacientes estão deitados, em pé ou se caíram – uma das grandes causas de agravamento e morte de pacientes.
O uso de sensores de Internet das Coisas, ou IoT (Internet of Things), associados a outras tecnologias, facilitam o controle e acesso a informações para auxiliar na redução de perdas, diminuição de riscos associados à ANVISA, além de dar velocidade à operação, confiabilidade, maior conhecimento da produção e reduzir custos.
A internet das coisas talvez seja o grande modelo de negócios que todos estavam esperando para o futuro. Com os benefícios da informação integrada, os produtos industriais e os objetos de uso diário poderão ter identidades digitais e serem equipados com sensores que detectam mudanças físicas à sua volta, de um jeito que seja viável transformar estática em novidade e dinamismo, misturando inteligência ao meio ambiente e estimulando a criação de produtos e novos serviços. A ideia é conectar objetos uns aos outros, em uma rede integrada para facilitar sua vida.
A Inteligência Artificial possibilitará a captura e análise de grandes quantidades de informações para auxiliar laboratórios no desenvolvimento de novos medicamentos ou aprimoramento de antigos. Mais: essa tecnologia tornará a indústria farmacêutica mais eficiente, da eliminação de falhas no encapsulamento a usos bem mais sofisticados – como algoritmos que fazem indicações terapêuticas, previsão de efeitos colaterais e auxiliar em novas formulações.
Pillo, por exemplo, é um pequeno robô doméstico que pretende ser o seu farmacêutico pessoal. Ele responde a questões sobre saúde e bem-estar, conecta-se com profissionais desta área e faz a gestão de medicamentos. Certamente, algo assim está nos planos dos assistentes pessoais desenvolvidos por Apple, Google e Amazon.
Além disso, não é surpresa que Apple, Intel e Google tenham recentemente feito grandes investimentos comprando startups de IA. E, embora nenhum deles tenha experiência no desenvolvimento de medicamentos, todos estão se posicionando agressivamente para entrar no mercado do setor de saúde.
O Vale do Silício está acostumado a inovar rapidamente e adotar novas tecnologias e pode muito bem superar a indústria farmacêutica tradicional. Uma equipe de cientistas da computação, programadores e engenheiros da Microsoft começarão a testar Inteligência Artificial para executar uma variedade de tarefas, como criar modelos abrangentes de células para entender como elas se comunicam ou como o sistema de um paciente com câncer pode reagir a diferentes drogas.
A indústria farmacêutica pode estar à beira de uma grande transformação, já que IA e Big Data começam a transformar a maneira como as drogas são fabricadas e testadas. A tecnologia usa o poder preditivo de seu algoritmo para projetar novas moléculas, extraindo uma nova hipótese baseada em um gráfico de conhecimento composto por mais de um bilhão de relações entre genes, alvos, doenças, proteínas e medicamentos.
A DeepMind, startup de Inteligência Artificial do Google, está treinando seu software para dobrar proteínas para a descoberta de medicamentos. A empresa planeja aplicar um algoritmo baseado em uma de suas principais tecnologias, chamada AlphaGo para finalmente desenvolver medicamentos.
Membros da equipe do Google Brain anunciaram que desenvolveram visão computacional para a identificação da cristalização de proteínas, alegando taxas de precisão em torno de 94%. Esse processo determina a forma das células e pode desempenhar um papel na descoberta de medicamentos para tratar várias doenças.
A Boston Berg está usando IA para pesquisar e desenvolver diagnósticos e tratamentos terapêuticos em várias áreas, incluindo oncologia, aplicando um algoritmo baseado em probabilidade para analisar um grande número de genótipos, fenótipos e outras características dos pacientes.
O centro de pesquisas do Baidu anunciou que criou um algoritmo que é melhor do que os patologistas humanos na identificação de células tumorais no tecido mamário. Os primeiros resultados também mostraram que sua IA se tornou mais precisa do que as pessoas na detecção de câncer de pele.
O XtalPi integra física quântica e IA na pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, para desenvolver uma física híbrida e uma plataforma de software alimentada por IA para modelagem molecular precisa de pequenas moléculas semelhantes a medicamentos.
O IBM Watson Health lançou tecnologias de sequenciamento genômico em parceria com a Quest Diagnostics, que visa fazer avanços na medicina de precisão, integrando a computação cognitiva e o sequenciamento genômico de tumores para descobrir rapidamente o tratamento de câncer.
Problema técnico na linha? Não é preciso chamar o plantonista. Ele pode com aqueles óculos e à distância “entrar” na linha e auxiliar o pessoal do local. Será que o batom ficará bom? Aplicativos já simulam os efeitos de cosméticos, como corretivo e blush – no corpo da consumidora.
Com a tecnologia, um engenheiro de sistemas pode andar livremente pelas instalações e receber notificações em tempo real, de uma maneira altamente natural, pois dados gerados pelo sistema a partir de uma variedade de fontes são retransmitidos através do dispositivo. Por exemplo, o engenheiro pode ser informado de uma falha no equipamento do processo, ou de um local que em breve precisará ser reabastecido, de um instrumento mostrando sinais de exigir manutenção preventiva. Isso traz um significado totalmente novo ao conceito de controle de fabricação, porque mais erros em potencial serão detectados e resolvidos com antecedência, levando a custos mais baixos e a enormes ganhos de eficiência.
Sim. Há um mundo de possibilidades que, em matéria de saúde, não se limita a impressão de próteses e a síntese de órgãos humanos. Na área farmacêutica já se vislumbra por exemplo a impressão de comprimidos com doses personalizadas ou combinação de medicamentos num único comprimido. A primeira impressora de medicamentos foi aprovada pelo FDA em 2015.
Nos Estados Unidos, a Aprecia Pharmaceuticals, é responsável por produzir um medicamento chamado Spritam, usado no controle de epilepsia. O aparelho contém uma impressora 3D tradicional, além de tecnologias próprias da Aprecia.
Vale lembrar que nem todos os remédios funcionariam bem com este tipo de tecnologia, mas há vantagens a serem consideradas: apesar da superfície mais porosa das pílulas, é possível calibrar a dosagem de acordo com cada paciente, alterar o formato do comprimido e dissolvê-lo mais facilmente na boca.